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domingo, 29 de novembro de 2009

blur #1

os blur foram a porta de entrada para o meu bom gosto musical, tinha eu uns 13 ou 14 anos. e, apesar de agora os ouvir poucas vezes, ainda me surpreendem com cócegas de vez em quando. hoje foi este trailer:



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sábado, 28 de novembro de 2009

lars and the real girl > dan in real life

confundo estes dois filmes, por causa dos títulos, desde que saíram em 2007. portanto, nada mais natural do que vê-los na mesma altura. dan in real life tem o steve carell e a juliette binoche, lars and the real girl a promessa que o trailer deixava de uma fotografia lindíssima; bons motivos para ver ambos os filmes, então.

a meia-maratona arranca com dan in real life e, antes de mais, com a esperança de que este não fosse mais um mau filme na já demasiado longa lista de maus filmes protagonizados por steve carell. não tarda muito até percebermos que a esperança é vã e que, sim, este é apenas mais um filme mau na já demasiado longa lista de maus filmes protagonizados por steve carell.

uma estória demasiado má, uma sucessão interminável de clichés, comédia extremamente previsível e gasta. todos os ingredientes para uma verdadeira perda de tempo cinematográfica temperada com prestações, no mínimo, embaraçosas de steve carell e juliette binoche.

e só isto talvez até bastasse para fazer de lars and the real girl o vencedor desta mini-maratona. ao fim ao cabo, por muito mau que ele fosse, seria difícil que caísse pior do que um filme em que dois dos meus actores preferidos fazem figuras como aquelas.

mas não, lars and the real girl não precisa um filme mau para sobressair, porque é mesmo um grande filme. apesar de altamente improvável, a estória de lars está tão bem escrita que às tantas não nos lembramos já o que é a realidade e o que é fantasia. e isto, numa altura em que tanto o cinema e a literatura andam infestadas de fantasias ridículas, cai muito bem.

mas, como disse, lars and the real girl não precisa de nada para sobressair. tanto a personagem de lars como as personagens secundárias são bastante complexas e a interpretação que as acompanham é muito boa. a estória, essa, até meio do filme, sensivelmente, consegue ser demasiado perturbadora e chega a dar vontade de parar de ver o filme, mas, como se por magia, transforma-se lentamente e acaba de forma quasi-poética.


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sr chinarro #1

o sr chinarro é um simpático andaluz que faz da melhor música escrita em espanha. é cantautor, mas as músicas que toca não são, na maior parte das vezes, músicas de desgostos amorosos. entre a ironia, o humor e a poesia, sr chinarro conta estórias de lugares bonitos, de personagens curiosas e da sua biografia.

quando o meu afilhado martim estava para nascer, tentei convencer os meus compadres a ouvir atentamente a "g. g. penningstone", música que ele dedicou ao filho. há uns dias tentei convencer o paulo, também recém-pai de um martim, do mesmo. falhei nos dois casos: o espanhol faz comichão e eles desistiram rápido.

gostava que eles tivessem atentado à letra, porque se o tivessem feito ter-se-iam apercebido que são mesmo bonitas as palavras que ele dedica ao filho. e ele diz-lhe assim: "é, aqui, à escola de mi menor (eu em tamanho pequeno)/bastante parecido a mim/que agora canto o meu pequeno" (...) "e o teu idioma, que não sei qual é, é parecido ao irlandês. mas a choradeira, essa, eu compreendo: tens fome ou vontade de brincar, não consegues segurar-te em pé. não vou dar-te o meu telemóvel." (...) "dar-te-ei trinta beijos em cada bochecha e desfarei a barba, tudo por g. g. penningstone".

esta tradução sofrível faz a música parecer bastante foleira, mas a intenção era boa. podem ouvi-la aqui abaixo em versão ao vivo e, se gostarem, podem sacá-la daqui, em versão do álbum, com uma qualidade bem melhor.



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terça-feira, 24 de novembro de 2009

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só para informar que, nesta véspera de natal antecipada em um mês, resolvi dar-vos umas prendas. como o que conta é a intenção, mudei apenas umas coisitas no mais do canto superior direito: mudei a música e acrescentei uma caixa em que, generosamente, partilharei convosco as coisas que tenho gostado de ler por aí.

a música, já agora, é do senhor bom inverno e está no bonito "for emma, forever ago".

feliz natal antecipado.


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bastam os dois segundos iniciais do novo ep dos the pains of being pure of heart para poder afimar categoricamente que

estes tipos são a coisinha mais irritante que surgiu nos últimos tempos.


escrito por joão martinho | | comentar




segunda-feira, 23 de novembro de 2009

vad'os leitores #1

já lá vai quase um mês, mas se os ditados nos ensinam alguma coisa é que nunca é tarde demais e que mais vale tarde que nunca. pois bem, este post nasce de um comentário da sigmogybe que, depois de simpáticos elogios às sugestões musicais que publico no vad, deixou-me um link para um vídeo dos the antlers. eu nunca tinha ouvido falar deles e, apesar do vídeo ser bem bonito, a música não me fascinou por aí além.

no entanto, como sou bom moço, segui o segundo conselho dela e fui ler sobre o conceito que é base criativa do álbum hospice. segundo um dos membros da banda, o álbum parte da ideia de tomar conta de um doente terminal que abusa da situação, e acaba por destruir quem está a tratar dele.

e a verdade é que apesar de não ter gostado muito da two, gostei de algumas das outras músicas deste hospice. a verdade é que depois de ler sobre o álbum, as músicas escorregam melhor e é por isso que, além do video proposto pela sigmogybe, deixo-vos também o link para o myspace dos senhores, que eles têm lá mais musiquinhas.

obrigado pela sugestão, f.

the antlers - two


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domingo, 22 de novembro de 2009

perry blake #1

se os domingos têm má reputação, devem-no a dias como os de hoje: frios, escuros e, apesar de hoje não ter chovido, chuvosos. são dias que parecem noites e essa é provavelmente a imagem mais deprimente de sempre; nunca percebi como é que há pessoas que conseguem viver em lugares sem luz.

não há como mudar estes domingos, mas existem bons paliativos. para este fim de domingo, deixo-vos a belíssima ordinary day do senhor perry blake: "é um dia como os outros, não há grande coisa a dizer, mas eu continuo a precisar de ti e a amar-te". para um dia sem estória, uma letra que nos lembra que a estória nem sempre é o mais importante.

perry blake - ordinary day


e porque vos deixo a ordinary day original, deixo-vos também a versão dueto que o perry blake fez com a nancy danino. eu não gosto nada, mas fico à espera da vossa opinião.

perry blake e nancy danino - ordinary day


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sábado, 21 de novembro de 2009

(500) days of summer

sei que não é fantasia universal, mas sei também que não estou sozinho nisto: ser abordado por uma miúda gira por causa da there is a light that never goes out dos the smiths é o exemplo perfeito do que seria o amor à primeira vista. a letra é tão trágica e urgente como o amor deve ser, e se a fantasia se realiza é inevitável que a acção se desenrole como descrita no poster do filme: "boy meets girl. boy falls in love."

o problema é que, como o narrador avisa no início do filme, este filme não é uma história de amor, mas uma história sobre o amor. o problema é que o rapaz conhece a rapariga, o rapaz apaixona-se e a rapariga não.

(500) days of summer pisca ao olho à indiezice e nem a banda sonora (com the smiths, belle and sebastian, feist ou regina spektor, entre outros), nem o guarda-roupa (a t-shirt dos joy division), nem os cenários (loja de discos), nem sequer os adereços (um candeeiro de origami, uma maçã verde em cima de um chapéu de coco a la magritte, uma parede coberta por um quadro preto, etc) o tentam esconder. é uma história sobre o amor para pessoas que acreditam no amor tal qual foi escrito pelo morrissey ou pelo leonard cohen; o amor é uma porcaria, especialmente por não haver nada tão perfeito como ele.

portanto, meninas e meninos indies, este filme é para vocês e vão adorá-lo, tenho a certeza; meninas e meninos que nunca ouviram falar (ou não gostam mesmo nada) de smiths, joy division ou belle and sebastian, façam o favor de não o ver.

ah, só mais uma coisa: thanks, anny.



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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

the damned united

gosto de futebol e gosto de biografias, por isso já era de esperar que gostasse do "the damned united", filme sobre brian clough, treinador inglês das décadas de 60-90. o filme, baseado no livro com o mesmo nome, retrata o período entre 69 a 74, em que treinou o derby county e o leeds united.

é o leeds, aliás, o "damned united" e foi por ele - e especialmente pelo treinador do leeds, don revie - que brian clough arrancou dos últimos lugares da segunda divisão (first division) para ser campeão da divisão e, logo na época seguinte, vencer também a primeira divisão (premier league).

a história é real e é o retrato de um mito antes de ter chegado a mito, que aconteceria em 79 quando venceu com o nottingham forest a primeira de duas ligas dos campeões (voltaria a vencer no ano seguinte). porque vale a pena lembrar, brian clough assumiu o comando do nottingham forest em 75 quando o clube jogava na terceira divisão inglesa (second division): em 76/77 subiu à segunda; em 77/78 foi campeão da segunda e ganhou a taça da liga; em 78/79 ganhou a liga dos campeões, a taça da liga e ficou em segundo lugar no campeonato; em 79/80 ganhou de novo a liga dos campeões.

é um filme para quem gosta de futebol, mas não se esgota aí. a realização e a fotografia estão muito boas e o martin sheen, actor do caraças, faz um papelão do caraças.


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o farmville e a distopia agrícola

aqui.


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terça-feira, 17 de novembro de 2009

.13.2

não sei que tipo de sinal é este, mas hoje acordei com pedaços de sol espalhados pelo quarto.


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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

.13

acordassem todos os dias como despertam os primeiros dias de primavera e o sol seria nosso refém em constelação particular. uma constelação inteira presa em padrão-estore pelas paredes do nosso quarto, onde cometas voam como se nos queimassem a pele, onde as estrelas seriam cadentes, desmaiadas em vénia ao brilho do teu olhar.


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sábado, 14 de novembro de 2009

i heart huckabees #2

revi hoje um dos meus filmes preferidos. i heart huckabees é uma comédia existencial e conta com um grande elenco: jason schwartzman, dustin hoffman, naomi watts, jude law e mark whalberg, entre outros.

é um dos meus filmes preferidos e eu nunca sei o que dizer dele, porque se há coisa que ele consegue é deixar-nos sem palavras. e é por isso que este post podia passar muito bem se não fosse escrito, mas como não gosto de deixar videos sem legenda, deixo-vos um pedido: "façam o favor de ver o filme, urgentemente!"



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i heart huckabees #1

nobody sits like this rock sits.
you rock, rock.
the rock just sits and is.
you show us how to just sit there,
and that's what we need.


escrito por joão martinho | | comentar




segunda-feira, 9 de novembro de 2009

.12

há dias de outono que parecem inverno, que parecem dias de inverno desenhados a nuvens. dias que nos beijam como se tivessem boca, como as palavras de o'neill. dias que nos beijam gota a gota em lágrimas tão pequenas como inesperadas, ora nos olhos, ora na boca, ora na face; dias que nos beijam os passeios de mãos dadas, de mãos vazias, de mãos frias; dias que nos beijam como que se se o mundo acabasse amanhã.


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terça-feira, 3 de novembro de 2009

morreu claude lévi-strauss


sagabardon

deixou-nos a pouco menos de um mês de completar 101 anos e, ainda assim, todo o tempo pareceu pouco. parte agora de um mundo a que há muito dizia já não pertencer, mas deixa saudades nas pessoas em quem desenhou mundos inteiros. em sua memória, o meu agradecimento pela frase do seu tristes trópicos que inaugurou o meu trabalho de fim de curso:

a exploração é mais uma busca do que um percurso.

obrigado e até um dia, num qualquer outro mundo.


escrito por joão martinho | | comentar




segunda-feira, 2 de novembro de 2009

.11

há dias em que acordo com vontade de convidar-te para um passeio num destes dias frios. ambicioso, penso quão fantástico seria fotografar-te o sorriso que derrete o sopro gelado do tempo. mas todos os despertares em que acordo a sonhar não são mais que lugares comuns fotográficos, literários, musicais, são as saudades de dias que não tivemos, das memórias que invejo aos outros.


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domingo, 1 de novembro de 2009

deste mágico braga

digo muitas vezes que o braga é muito mais que um clube, numa expressão que decalco sem pudor do lema do barcelona. digo-o a todos os estrangeiros com quem falo sobre futebol, aos que conhecem, aos que já ouviram falar ou aos que já viram o estádio. poucos percebem o que lhes quero dizer com isso, mas os que percebem sorriem com cumplicidade: desde o italiano que se envaidece por eu conhecer o pescara ao valenciano nostálgico a recordar os anos de ouro do levante.

quem percebe o que digo sabe que falo de uma história de amor destinada a um final trágico, mas conhece também o sabor do caminho que o antecede: os jogos que nos enchem de orgulho, os jogos que desiludem, o tempo do jogo que passa tão rápido como devagar demais, os dias que voam após os jogos bons e os dias que parecem esticar depois dos jogos maus.

quem percebe o que digo conhece bem o amargo da sucessão de jogos que desiludem e em que a esperança corre menos que o tempo, da sucessão de dias infinitamente grandes. mas quem percebe o que digo sabe também que o sabor de apenas uma vitória, de uma pequena conquista, é muitas vezes suficiente para esquecer todos aqueles jogos, todos aqueles dias. quem percebe o que eu digo sabe que é magia a explosão que um golo provoca, tal qual fogo-de-artifício humano entre a dança das cores e a euforia dos gritos.

e quando o jogo termina, quando abandonamos o estádio, ainda suspiramos de deslumbramento. talvez nem tenha acontecido assim, talvez tenha sido apenas uma ilusão; afinal, foi bom demais para ser verdade. este ano a magia tem acontecido todos os jogos e, no fim de cada um deles, aconteça o que acontecer no próximo, temos a certeza que já valeu a pena.

e é por isso que não queremos ser grandes: não queremos perder a magia que faz de nós enormes.


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