digo muitas vezes que o braga é muito mais que um clube, numa expressão que decalco sem pudor do lema do barcelona. digo-o a todos os estrangeiros com quem falo sobre futebol, aos que conhecem, aos que já ouviram falar ou aos que já viram o estádio. poucos percebem o que lhes quero dizer com isso, mas os que percebem sorriem com cumplicidade: desde o italiano que se envaidece por eu conhecer o pescara ao valenciano nostálgico a recordar os anos de ouro do levante.
quem percebe o que digo sabe que falo de uma história de amor destinada a um final trágico, mas conhece também o sabor do caminho que o antecede: os jogos que nos enchem de orgulho, os jogos que desiludem, o tempo do jogo que passa tão rápido como devagar demais, os dias que voam após os jogos bons e os dias que parecem esticar depois dos jogos maus.
quem percebe o que digo conhece bem o amargo da sucessão de jogos que desiludem e em que a esperança corre menos que o tempo, da sucessão de dias infinitamente grandes. mas quem percebe o que digo sabe também que o sabor de apenas uma vitória, de uma pequena conquista, é muitas vezes suficiente para esquecer todos aqueles jogos, todos aqueles dias. quem percebe o que eu digo sabe que é magia a explosão que um golo provoca, tal qual fogo-de-artifício humano entre a dança das cores e a euforia dos gritos.
e quando o jogo termina, quando abandonamos o estádio, ainda suspiramos de deslumbramento. talvez nem tenha acontecido assim, talvez tenha sido apenas uma ilusão; afinal, foi bom demais para ser verdade. este ano a magia tem acontecido todos os jogos e, no fim de cada um deles, aconteça o que acontecer no próximo, temos a certeza que já valeu a pena.
e é por isso que não queremos ser grandes: não queremos perder a magia que faz de nós enormes.
escrito por by joão martinho Email post
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~Oo°~
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