herdou as palavras perfeitas do nome de poetisa. desenhava-as com cuidado nas costas das folhas que caíam à sombra das árvores. depois, alinhava as folhas em versos e estrofes e sentava-se à espera que o vento as soprasse, que o vento as enrolasse em poesia assobiada. corria entre o vento, pelo meio das folhas, e soprava as palavras que fugiam ao assobio e quase morriam no chão.
e quando o vento lhe dizia adeus, assobiando-lhe o nome cada vez mais baixinho, e quando as palavras caíam amarelas e vermelhas e castanhas, ela mergulhava na relva só para vê-las cair; eram à vez flocos de neve, gotas de chuva e estrelas cadentes. eram dias inteiros que derretiam em dois segundos, palavras que desmaiavam vazias, cores de nostálgica melancolia; mas eram também pó da poesia que não cabe nos livros e rasto do vento que a assobia. chamava-se sophia.
escrito por by joão martinho Email post
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"De repente veio-me um flashback desse dia... Se eu soubesse tinha ido com a Sofia..."
~Oo°~
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