disse-lhe que também gosta muito do silêncio, que às vezes fica horas, outras vez dias inteiros, chegam a ser semanas completas; sempre, sempre, sempre em silêncio. disse-lhe que também encontra a perfeição no silêncio, no vazio, do branco e do preto, que sabe que a musicalidade do quotidiano dança escondida entre o ruído dos dias comuns. disse-lhe que também gosta de sonhos mudos, das palavras nunca ditas, apenas escritas, que também gosta de fingir não ouvir ninguém e inventar os diálogos das pessoas que nunca se calam. e ele ouviu-a neste elogio ao silêncio que se esticou bem para lá destas linhas; e foram tantas as linhas por ela ditas, não escritas, que até o silêncio se cansou de ouvir, que até o silêncio os abandonou. e ele, que não lhe soube fugir, sentou-se em fingida surdez como se lhe inventasse palavras originais, como se lhe inventasse a graça que aquele olhar parecia esconder.
escrito por by joão martinho Email post
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Posted by Cláudia Faro Santos #
~Oo°~
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