Só o tempo de acender um cigarro e as mãos voltam ao fundo dos bolsos do sobretudo. Caminha lentamente, o indigente, e segura o cigarro no canto da boca. Tom gosta de caminhar no cais; gosta de sentir o cheiro a sujo do mar que odeia. Senta-se num qualquer banco e espera que lhe chova na cabeça. Quando chove no cais, a sujidade - lavada pela água -, torna-se ainda mais evidente. E no mar, as pequenas gotas insistem em chover no molhado. Quando a chuva pára, Tom acende um cigarro, levanta-se e leva as mãos aos bolsos. Regressa a casa com o cheiro a madeira molhada e um sol que aquece apenas o lugar onde esteve sentado. Acredita que a chuva lava a alma e que tudo o que perde a cada bátega, fica ali, naquele bocado de pedra seca; o único em todo o cais.
escrito por by joão martinho Email post
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