Vi-te entrar, esperava que me dissesses o que desejavas, enquanto me servias um chocolate quente. Nunca o havias feito. Eu escrevia a história da nossa vida, vista noutras pessoas; a história que nos queria ver viver; a história que nunca vivemos. O vento, lá fora, soprava frio. Ouvia-se o tremer gélido do plátano, no jardim. Não me disseste nada. Beijaste-me simplesmente e saíste.
Enquanto aquecia as mãos na chávena, pensava em ti e em como nos conhecemos. Olhei para o papel - para aquela minha letra esquisita, como lhe chamas - e sorri. Afinal a história era a nossa; contada não por mim - aquele que te ama - por outro. Por isso, apaguei o candeeiro, levantei-me e caminhei em direcção ao quarto, onde a minha respiração entrou em sintonia com a tua.
escrito por by joão martinho Email post
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