num dia de chuva, um sonho
Harry e Bridget conheceram-se num dia de chuva. Caminhavam em sentido contrário, numa recta com cerca de 300 metros; eram os únicos. Harry tinha um guarda-chuva azul grande, Bridget tinha nada que a protegesse da chuva, que caía com muita intensidade. Quando se cruzaram, o olhar tímido de Bridget encantou Harry, que, dando meia-volta, abrigou Bridget e disse: “Olá! Chamo-me Harry. Pensei que podíamos tomar um café.”. Bridget, corando, sorriu e aceitou o convite.
Harry levou-a ao seu café favorito. Por causa disso, ainda se molharam bastante – o café ficava a 10 minutos do local onde se conheceram. Mas valeu a pena. O chocolate quente é o melhor da cidade. E as cores vivas das paredes, os quadros inspirados em Dalí, as almofadas e as mesas baixinhas faziam esquecer o desconforto de estarem completamente encharcados.
A conversa fluiu de um forma espantosa. Bridget esquecera a timidez e comandava agora o rumo da conversa. Harry esboçava apenas um sorriso derretido.
Bridget contou a Harry tudo sobre a sua paixão por antropologia. Sobre o sonho da investigação; da descoberta da liberdade e da felicidade, que acreditava existir lá longe, num lugar onde a civilização é mais pura. Citava frequentemente escritores intemporais, nos quais baseava os seus sonhos e crenças. Harry, estudante de Biologia, imaginava-se no mar. Queria ser biólogo marinho. Do alto da sua lógica científica, as ideias empíricas de Bridget, soavam-lhe a delírios. Por outro lado, não conseguia esconder o fascínio que sentia ao ouvir alguém que o encantava, a motivá-lo para descobrir o sonho.
Harry estava já apaixonado. Ouvia Bridget como se esta falasse a cantar Isobel Campbell. Tinham passado várias horas. Bridget pediu-lhe que fosse pedir um pouco mais de chá verde de laranja. Quando voltou, não havia sinal de Bridget, apenas um papel dobrado em quatro. Ansiosamente, Harry desdobrou-o e, imóvel, leu e releu incessantemente as palavras rabiscadas à pressa. Dizia: “Esperar-te-ei para sempre no meu sonho, enquanto ele também for teu”.
O chá, esse, jazia já no chão. Harry tinha-o deixado cair e estava perfeitamente paralisado por causa do choque. Quando recuperou a animosidade, apressou-se a pagar e saiu. Lembrava-se de Bridget lhe ter dito que adorava andar de comboio, por isso correu para a estação de caminhos de ferro. Enquanto isso, a chuva não abrandava. Pelo contrário, a cada passo de Harry ela parecia aumentar de intensidade.
Ao chegar lá, avistou Bridget, sentada num banco verde. Disse-lhe que a amava, que queria ir com ela para onde ela fosse, que queria ser também livre; feliz. Bridget sorriu. Levantou-se e convidou Harry a segui-la. Disse-lhe, enquanto caminhava: “Procuras tu a liberdade que há pouco desprezavas e a felicidade que pensavas conhecer. Dizias que era irracional, mas seguiste-me. Pois bem, a liberdade e a felicidade esperam-te. Fizeste o necessário para a merecer; seguiste o teu sonho – ainda que inconscientemente. Eu não sou mais do que um sonho teu, e o meu sonho foste tu que o sonhaste”. Sorriu como da primeira vez e desapareceu por entre o nevoeiro.
Harry e Bridget conheceram-se num dia de chuva. Caminhavam em sentido contrário, numa recta com cerca de 300 metros; eram os únicos. Harry tinha um guarda-chuva azul grande, Bridget tinha nada que a protegesse da chuva, que caía com muita intensidade. Quando se cruzaram, o olhar tímido de Bridget encantou Harry, que, dando meia-volta, abrigou Bridget e disse: “Olá! Chamo-me Harry. Pensei que podíamos tomar um café.”. Bridget, corando, sorriu e aceitou o convite.
Harry levou-a ao seu café favorito. Por causa disso, ainda se molharam bastante – o café ficava a 10 minutos do local onde se conheceram. Mas valeu a pena. O chocolate quente é o melhor da cidade. E as cores vivas das paredes, os quadros inspirados em Dalí, as almofadas e as mesas baixinhas faziam esquecer o desconforto de estarem completamente encharcados.
A conversa fluiu de um forma espantosa. Bridget esquecera a timidez e comandava agora o rumo da conversa. Harry esboçava apenas um sorriso derretido.
Bridget contou a Harry tudo sobre a sua paixão por antropologia. Sobre o sonho da investigação; da descoberta da liberdade e da felicidade, que acreditava existir lá longe, num lugar onde a civilização é mais pura. Citava frequentemente escritores intemporais, nos quais baseava os seus sonhos e crenças. Harry, estudante de Biologia, imaginava-se no mar. Queria ser biólogo marinho. Do alto da sua lógica científica, as ideias empíricas de Bridget, soavam-lhe a delírios. Por outro lado, não conseguia esconder o fascínio que sentia ao ouvir alguém que o encantava, a motivá-lo para descobrir o sonho.
Harry estava já apaixonado. Ouvia Bridget como se esta falasse a cantar Isobel Campbell. Tinham passado várias horas. Bridget pediu-lhe que fosse pedir um pouco mais de chá verde de laranja. Quando voltou, não havia sinal de Bridget, apenas um papel dobrado em quatro. Ansiosamente, Harry desdobrou-o e, imóvel, leu e releu incessantemente as palavras rabiscadas à pressa. Dizia: “Esperar-te-ei para sempre no meu sonho, enquanto ele também for teu”.
O chá, esse, jazia já no chão. Harry tinha-o deixado cair e estava perfeitamente paralisado por causa do choque. Quando recuperou a animosidade, apressou-se a pagar e saiu. Lembrava-se de Bridget lhe ter dito que adorava andar de comboio, por isso correu para a estação de caminhos de ferro. Enquanto isso, a chuva não abrandava. Pelo contrário, a cada passo de Harry ela parecia aumentar de intensidade.
Ao chegar lá, avistou Bridget, sentada num banco verde. Disse-lhe que a amava, que queria ir com ela para onde ela fosse, que queria ser também livre; feliz. Bridget sorriu. Levantou-se e convidou Harry a segui-la. Disse-lhe, enquanto caminhava: “Procuras tu a liberdade que há pouco desprezavas e a felicidade que pensavas conhecer. Dizias que era irracional, mas seguiste-me. Pois bem, a liberdade e a felicidade esperam-te. Fizeste o necessário para a merecer; seguiste o teu sonho – ainda que inconscientemente. Eu não sou mais do que um sonho teu, e o meu sonho foste tu que o sonhaste”. Sorriu como da primeira vez e desapareceu por entre o nevoeiro.
escrito por by joão martinho Email post
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