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domingo, 25 de janeiro de 2009

posts do antigamente #18

Cadernos de Adam Leigh
Brenton, Maio de 1943

Esqueci-me do dia e da noite. Esqueci-me de dormir – outra vez.

Saí há duas semanas do hospital, segundo as minhas contas. Disseram-me que lá estive quatro meses. Quatro meses a sarar as feridas de ideais vencidos. Não me lembro bem, mas julgo que estava numa manifestação contra o regime.

Lembro-me vagamente do rosto de Joseph, o nosso camarada; o nosso líder; a nossa voz. Recordo-me perfeitamente, apesar disso, da forma como foi silenciado pelas armas do inimigo – cobardemente mais fortes que as nossas, humildes ideais. Nessa manhã de Inverno, a voz dos que a não têm, calou-se – mas o seu sangue derreteu toda a neve em seu redor. De pouco mais me lembro, apenas da forma como fomos barbaramente agredidos – agressões essas que me levaram ao hospital.

Costumava ser operário, operário têxtil; trabalhava dezasseis horas diárias. Uma vez – incitado por um camarada – cheguei mesmo a liderar uma greve de trabalhadores.

Não deu em nada. Por minha causa, os meus camaradas começaram a ser controlados mais de perto pelos vigilantes, que nos agrediam sempre que esboçávamos algum sinal de cansaço. Eu, não sei porquê, fui promovido. Sentindo-se traídos, os camaradas, deixaram de me falar; eu, deixei de me acreditar. Ainda assim, o comité central do partido sempre me respeitou e Joseph chegou mesmo a elogiar o meu trabalho em prol do proletariado, apontando-me como um modelo a seguir. O Joseph, o camarada Joseph, que morreu para dar uma vida melhor aos seus.

Desde que voltei do hospital que não tenho emprego – assim o exigiu o governo, que me dá uma pensão mensal. Ouvi falar disto nas reuniões do partido. Ao que parece, isolam todos os possíveis revolucionários, julgando que assim, lhes roubam os ideais.

Vou-me deitar. Amanhã mesmo, procurarei em todos os olhares, o brilho da indignação.

Honrarei, então, o camarada Joseph, acendendo o rastilho da Revolução.



Brenton, Outubro de 1943

Nunca mais tive coragem de escrever e esta será a última vez que o faço.
Ao longo de todo o Verão viajei por todo o país, organizando um exército de pensadores crentes na liberdade individual. Ao longo de todos estes meses, fiz milhares de pessoas acreditarem no que dizia; organizamos metodicamente uma revolução. E por esses dias acreditei que o povo unido, jamais seria vencido.

Numa linda manhã de Outono – enquanto as folhas mortas das árvores caíam aos nossos pés – eu, e todos os camaradas, cantávamos alegremente a fraternidade, caminhando em direcção ao Palácio Presidencial. Esperávamos surpreender o nosso inimigo, mas foi ele quem nos surpreendeu, tornando aquele dia, no dia mais sangrento da história da liberdade. Eu sobrevivi, para minha infelicidade. Infelicidade, porque às minhas mãos morreram milhares de utópicos, milhares de sonhadores.

O sangue de Joseph não era o mesmo que o meu; o seu sangue era semente, o meu, tempestade.
Cometi um genocídio ideológico, depois de involuntariamente me ter suicidado. Matei sem saber que não era mais que uma marioneta fascista. Morro agora com raiva, porque não sei já, quais são meus ideais.


escrito por by joão martinho Email post



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