Contava-se nos bancos de jardim, que havia um rapaz que ganhava sempre ao pião. No havia ninguém que ficasse com o pião intacto, depois de se cruzar com o pequeno José. Ele era filho de marceneiro; o senhor Estevão, o maior marceneiro das terras abençoadas de sua majestade, o príncipe daqui e d'além mar.
E desenganem-se aqueles que pensam que José vivia do trabalho de seu pai, da técnica apurada da aerodinâmica; das melhores madeiras do reino. José construía os seus próprios piões, com o que aprendera desde os quatro anos, altura em que começou a ajudar o pai na oficina.
Estevão, com nove anos apercebeu-se de que os piões que todos os miúdos compravam por vezes a meio tostão - nessa altura também haviam saldos; ninguém jogava ao pião nos dias de inverno rigoroso -, eram feitos de eucalipto; pinheiro ou carvalho; dependendo das posses de cada um - os mais baratos eram os de eucalipto. Um dia, chegaram à oficina uns senhores que falavam esquisito, carregados com uma madeira escura. Ouviu o pai chamar-lhe "pau preto" e "pau do brasil". Quando lhe tocou, sentiu que havia encontrado a fórmula do pião perfeito. O pião negro, já se sabe, varreu os outros piões dos jardins da vila em pouco tempo. Houve um até que se fez em dois, depois de o pião de José lhe ter tocado. Mas existe um ditado que diz "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". E foi isso que aconteceu.
José tinha um segredo. Quando construiu o seu pião, abriu-o ao meio, fez dois buracos com a forma de meia esfera, e colocou uma pequena esfera de chumbo. A desculpa para o pião ser mais pesado que os demais residia na madeira. José aproveitava-se da ingenuidade dos seus pares, para lhes contar como foram precisos todos os homens feitos da sua família para pegar na madeira e a transportar para a oficina de seu pai. Por vezes dizia também que ainda fora precisa a sua ajuda. Era uma boa maneira de impressionar as meninas.
Uma vez porém, ao atirar o pião, ele bateu com o bico na pedra, a cola de madeira cedeu, o pião dividiu-se em dois e a esfera de chumbo rolou durante uns segundos pelo chão. Nunca mais ninguém soube de José. Ele correu a fugir da vergonha que rodopiava sozinha no chão. Há quem diga que fugiu para o reino vizinho e aí se instalou como marceneiro. Mas nunca teve grande sucesso; julgavam-no muito novo. Acabou por morrer cedo, sozinho e com um bocado de chumbo no coração. Entraram na sua oficina para o roubar, mas como nada tinha, acabou por ganhar um buraco no peito e o adormecer do coração.
E desenganem-se aqueles que pensam que José vivia do trabalho de seu pai, da técnica apurada da aerodinâmica; das melhores madeiras do reino. José construía os seus próprios piões, com o que aprendera desde os quatro anos, altura em que começou a ajudar o pai na oficina.
Estevão, com nove anos apercebeu-se de que os piões que todos os miúdos compravam por vezes a meio tostão - nessa altura também haviam saldos; ninguém jogava ao pião nos dias de inverno rigoroso -, eram feitos de eucalipto; pinheiro ou carvalho; dependendo das posses de cada um - os mais baratos eram os de eucalipto. Um dia, chegaram à oficina uns senhores que falavam esquisito, carregados com uma madeira escura. Ouviu o pai chamar-lhe "pau preto" e "pau do brasil". Quando lhe tocou, sentiu que havia encontrado a fórmula do pião perfeito. O pião negro, já se sabe, varreu os outros piões dos jardins da vila em pouco tempo. Houve um até que se fez em dois, depois de o pião de José lhe ter tocado. Mas existe um ditado que diz "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". E foi isso que aconteceu.
José tinha um segredo. Quando construiu o seu pião, abriu-o ao meio, fez dois buracos com a forma de meia esfera, e colocou uma pequena esfera de chumbo. A desculpa para o pião ser mais pesado que os demais residia na madeira. José aproveitava-se da ingenuidade dos seus pares, para lhes contar como foram precisos todos os homens feitos da sua família para pegar na madeira e a transportar para a oficina de seu pai. Por vezes dizia também que ainda fora precisa a sua ajuda. Era uma boa maneira de impressionar as meninas.
Uma vez porém, ao atirar o pião, ele bateu com o bico na pedra, a cola de madeira cedeu, o pião dividiu-se em dois e a esfera de chumbo rolou durante uns segundos pelo chão. Nunca mais ninguém soube de José. Ele correu a fugir da vergonha que rodopiava sozinha no chão. Há quem diga que fugiu para o reino vizinho e aí se instalou como marceneiro. Mas nunca teve grande sucesso; julgavam-no muito novo. Acabou por morrer cedo, sozinho e com um bocado de chumbo no coração. Entraram na sua oficina para o roubar, mas como nada tinha, acabou por ganhar um buraco no peito e o adormecer do coração.
escrito por by joão martinho Email post
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