avisam-se os mais distraídos que anda por aí uma música dos senhores the national. chama-se you're a kindness. e sim, eu sei, how kind of me por lembrar-vos. de nada, amiguinhos, ora essa.
o bill callahan, na too many birds do sometimes i wish we were an eagle que editou no ano passado, começa por cantar que já são demais, que são pássaros a mais numa só árvore. e ainda assim, o céu continua coberto de pássaros pretos ansiosos por pousar nela; e cabe mais um e outro, e um último e só mais outro. mas o último dos pássaros, sem lugar para pousar e estar, desiste e dá meia volta para tentar regressar ao sítio onde tinha descansado pela última vez.
e é aqui que ouvimos um dos mais belos momentos musicais e literários do ano passado: o pássaro preto, exausto, corre em voo à procura do lugar que o cansaço vai desfazendo na memória. não foi aqui, pássaro, que descansaste pela última vez. voas a noite toda para dormir na pedra, dormes na pedra para voltar à árvore com pássaros demais.
se, se pudesses, se pudesses parar, se pudesses parar o, se pudesses parar o bater, se pudesses parar o bater do, se pudesses parar o bater do teu, se pudesses parar o bater do teu coração, se pudesses parar o bater do teu coração por, se pudesses parar o bater do teu coração por um, se pudesses parar o bater do teu coração por um bater, se pudesses parar o bater do teu coração por um bater do, se pudesses parar o bater do teu coração por um bater do coração.
leio as cartas inéditas de um poeta não por acaso mas por natural afinidade. vejo que sentimentos esbatidos na cronologia são outros tantos traços exaltados. que me tocam as próprias palavras na boca. porque é a boca que dispensa a graça de deixar escritas palavras inauditas e o dom de receber as mais surdas.
fiama hasse pais brandão (15 de agosto de 1938 - 19 de janeiro 2007)
Bem sei que quase ninguém liga às cadeiras de Ética e Deontologia dos cursos de jornalismo, mas não fazia mal a ninguém se as notícias passassem a ser acompanhadas por autocolantes como estes. Era, pelo menos, demonstração de honestidade intelectual e prova de que os jornais não tomam os leitores por parvos.
Entrei hoje, quase por acaso, na exposição Arquite(x)turas em exibição no espaço BES Arte & Finança, uma exposição sobre a qual já tinha lido vários elogios, julgo que no ipsilon. Pois bem, adorei tanto o espaço como a exposição que, apesar de pequena, está muito bem organizada e arrumada. Fica aqui uma das fotos em exposição, uma das quatro do Lee Friedlander. E já agora, aconselho os meus restantes favoritos: Abelardo Morell e as cidades de pernas para o ar em papel de parede; Nuno Cera e as cidades pela janela; e Stan Douglas, que não me lembro bem o que fotografava, mas se anotei o nome é porque vale a pena. É ir, malta, é ir.
a jo está a fazer serviço voluntário europeu em bratislava, eslováquia, e há uns tempos escreveu sobre este documentário no blogue que ela criou para documentar estes meses de sve.
o absolut warhola é um documentário que retrata andy warhol pelos olhos dos familiares eslovacos - os pais eram eslovacos emigrantes nos eua - que sabem pouco, mas mesmo muito pouco sobre ele porque, na verdade, nunca o viram.
o documentário torna-se então numa quasi-comédia e gira entre um primo que diz que nunca soube muito bem se ele era pintor de quadros ou de paredes, de um outro que negava a pés juntos que andy pudesse ser homossexual porque nunca houve disso na terra, de uma prima que gostava muito dos sapatos que ele mandava mas que já não tinha nenhum par porque não davam muito jeito para calçar ou pelo museu que tem infiltrações e, por isso, obriga guardar os quadros na cave.
para ver o documentário e acompanhar o blogue da jo, que é bem giro e tem fotos fixes; para viajar sem levantar o rabo da cadeira.