ela chorava como se tentasse exorcizar as memórias que aquele adeus repintara tristes. chorou dias inteiros e, com as lágrimas, foram escorrendo também as cores com que fora pintando a história deles na parede do quarto. às camadas, desenhara deles cada suspiro e, à vez, foi encontrando naquela cascata de tinta as manhãs que se espreguiçavam em dias completos, a tarde sob o sol estrelado nas folhas das árvores, a dança dos arrepios nos abraços de mãos frias. talvez, pensou, precisassem de rever todas as recordações e passá-las a limpo; talvez tivesse sido diferente se o passado dela não lhe tremesse os traços de felicidade ou se o tempo não queimasse as cores.
escrito por by joão martinho Email post
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