É lugar comum não haver palavras para descrever os momentos bonitos e essa, aliás, é a melhor desculpa para não os partilharmos com aqueles que não os viveram. Em pequeno e discreto egoísmo, guardamos as memórias em câmara lenta para as degustarmos a sós logo que os outros virarem as costas.
Domingo, porém, esse momento foi partilhado por todos os que o diriam bonito. No estádio ou em casa, os poucos mas excepcionalmente bons braguistas, partilharam uma homenagem emocionada à equipa, dirigentes e adeptos que, juntos, escreveram a página mais bonita da História do Sporting Clube de Braga. E aqui, apesar de parecer, não falo de um lugar comum.
Este ano fomos verdadeiramente Enormes e, apesar de tudo o que aconteceu, partimos para a última jornada com possibilidades (ainda que remotas) de sermos campeões e, apesar de ouvirmos e lermos desde o início da época que não chegaremos a nenhum lado, continuamos a acreditar e a vencer jornada após jornada.
Se o Braga for campeão, talvez os jornais falem da força da fé. Talvez surjam títulos a ligar o clube à religião ou até a associar a vitória à visita do Papa. Talvez, talvez, ainda que todos nós saibamos que seria bem menos impressionante o milagre de o Braga ser campeão do que o milagre de ser capa em todos os jornais desportivos.
Mas nada disso interessa, sequer. Esta época não precisa das palavras dos outros. Eles não percebem o que é isso do ser Braga apesar de tudo. Não percebem como é festejar uma manutenção, as idas improváveis às competições europeias ou a conquista da Intertoto. Não percebem porque só festejam nos ombros dos clubes deles nos anos em que são grandes, enquanto nós, que agora festejamos nos ombros do nosso gigante, soubemos também levar o Enorme nos nossos ombros nos tempos em que todos os outros o viam pequeno.
Esta época é nossa e tenho muito orgulho de partilhá-la convosco.
escrito por by joão martinho Email post
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