e que me dizes dos dias que se perdem na tua ausência? dos dias que deviam passar ao ritmo do meu coração ansioso e se espreguiçam em bocejos cansados.
fosses tu dias e eu semanas, dançaríamos valsas eternas no vento-vertigem das páginas rasgadas dos calendários. fosses tu dias e eu semanas, o tempo não se esqueceria, pois seríamos sempre tempo um do outro em passos bem medidos. fosses tu dias e eu semanas, nunca morreríamos, seríamos à vez brancos, verdes, vermelhos e castanhos nos beijos de cada estação. fosses tu dias e eu semanas, não seríamos um sem o outro. fosses tu dias, eu seria semanas.
a nossa vida sempre foi um jogo de escondidas. ainda não nos conhecíamos e eu já sentia que me fugias, quando descobria o perfume que sonhava teu nos bancos em que me sentava, nas ruas em que me perdia, nos dias que não passavam. talvez nos procurássemos nos olhares intrigados que lançávamos um ao outro quando ainda não nos conhecíamos; talvez soubéssemos que as palavras que conhecíamos não eram ainda as dos cicios do despertar juntos.
ontem lembrei-me da primeira vez em que gostei de ti. foi um sonho, sempre sonhos, sonhei-te sempre e ainda acordo cheio de sonhos teus. dizes-me que sonho demais e que os meus sonhos, por muito bonitos que sejam, nunca se realizam por causa da minha inabilidade emocional. não sabes, porém, que eu durmo de olhos abertos para sonhar acordado. e os sonhos? os sonhos são todos os dias em que acordo contigo e realizam-se no primeiro sorriso preguiçoso que me dedicas.
mas aquele sonho, aquele sonho foi diferente. éramos ainda crianças e eu contava até vinte, encostado a uma parede, com um braço a tapar-me os olhos. contava sem saber quem procurava, mas logo que me virei, vi-te encolhida num armário aberto. talvez seja cliché, mas ouvia todas as outras crianças que se "livravam" e festejavam em câmara lenta, enquanto me aproximava rápido do armário. ou talvez tenha sonhado tempos diferentes e, enquanto as outras crianças corriam para a parede, eu aproximava-me intrigado do armário.
a medo, pus-te a mão no ombro e disse "encontrei-te", mas tu nem te mexeste nem falaste. puxei-te as mãos que se entrelaçavam nas pernas e voltei a dizer "encontrei-te". tu disseste que não e, bruscamente, voltaste à posição inicial. entretanto, as outras crianças começavam a queixar-se e a dizer que tinha de contar outra vez, que tinha perdido; perguntavam-me o que fazia ali e diziam para me despachar. eles não te viam e eu não insisti. quando o jogo acabou, procurei-te no armário, mas já lá não estavas; talvez tenhas acordado. lembro-me, porém, de te escrever um bilhete, não sei se o recebeste num outro sonho qualquer. dizia: "gosto de ti, menina invisível".
melhor que as couves, são as conversas irrelevantes do beck, ou não tivesse ele convidado o tom waits para a sessão inaugural. a ler aqui a primeira parte.
"BH: I was born in the McArthur park area.
TW: You remember when they drained McArthur Park, the lake?
BH: I do, yeah...
TW: They found unbelievable things: Cars, human bones, weaponry.
BH: They should have done an exhibit.
TW: I don't know why they didn't. I thought that's why they drained it.
BH: I'd always heard that when they drained the Echo Park Lake they found an amateur submarine.
TW: Oh, my God.BH: I don't know if that was lore.TW: You mean a homemade submarine?
BH: Yeah, I think it was older too, from the early days of "home submarine building." I don't know if that subculture still exists?
há uns tempos, o beck decidiu experimentar os covers. porque toda a gente, incluindo ele, faz covers, ele decidiu experimentar um projecto mais ambicioso e decidiu fazer covers não de músicas, mas de álbuns. a ousadia, porém, não se ficou pela decisão de regravar álbuns de outros artistas: o beck começou pelo enorme álbum homónimo dos the velvet underground and nico.
deixo-vos as músicas já disponíveis:
sunday morning,
waiting for my man,
femme fatale,
venus in furs,
tirando a waiting for my man, que é um bocado enjoativa, estou a gostar muito. e vá, se tirássemos os coros da sunday morning, não se perdia nada. mas a femme fatale e, especialmente, a venus in furs estão muito boas.
talvez porque as pernas não dão para mais, são vários os ciclistas que se dedicam - uns mais que outros - à twittada. graças ao lance armstrong, que fez uma lista dos ciclistas na volta à frança com twitter, sigo agora o tour de uma forma diferente do que estava habituado: incrível a forma como o twitter recria as relações de proximidade. para não falar do facto de a sentir sem que nenhum deles me siga - sou, pela primeira vez na minha vida, stalker.