conhecera aquela estória ao ler um livro antigo de lendas beirãs. o livro, roído de pó em ameaça de desfazer-se em cinza amarelecida, era ainda do tempo em que os "éfes" ainda não tinham sido inventados; do tempo em que as estórias eram história e que a história escrevia estórias.
não sei se de não acreditar nela, de a achar pouco verosímil, não me voltei a lembrar dela. hoje, porém, enquanto descansava entre as duas torres do castelo, senti-a entrar em mim como a lenda ameaçava.
a lenda é uma estória de amor à distância de trinta metros; ele na torre sul do castelo, ela na torre norte. nunca se tocaram e apaixonaram-se só de olhar um para o outro, talvez pela cumplicidade do mesmo destino: o de ficarem presos numa das torres do castelo. diz a lenda que primeiro se amaram com os olhos, depois com palavras tímidas, depois com gritos de desespero, depois com gestos.
não dormiam nas noites de lua cheia e subiam a uma ameia da torre, fingindo - ou treinando - um passo de amor mortal, quando ninguém os via. um dia, há hora em que o sol repousava equidistante de ambas as torres, decidiram saltar na tentativa de um abraço. não fosse assim, provavelmente morreriam ao longe, apesar de tão perto. foi assim e morreram juntos, apesar de o que sentiam do tamanho de uma vida inteira ter durado apenas alguns segundos.
diz a lenda que nenhum deles sangrou e que a única prova do que acontecera era a sombra do abraço; diz a lenda que tinham perdido todo o sangue nas feridas de estarem longe e a única coisa que lhes sobrava era a urgência de um amor a dois; dizia-me hoje um senhor que ainda se lembra de quando as sombras dos amantes se encontravam na mesma queda, em todos os aniversários daquele encontro; dia 26 de agosto.
não sei se de não acreditar nela, de a achar pouco verosímil, não me voltei a lembrar dela. hoje, porém, enquanto descansava entre as duas torres do castelo, senti-a entrar em mim como a lenda ameaçava.
a lenda é uma estória de amor à distância de trinta metros; ele na torre sul do castelo, ela na torre norte. nunca se tocaram e apaixonaram-se só de olhar um para o outro, talvez pela cumplicidade do mesmo destino: o de ficarem presos numa das torres do castelo. diz a lenda que primeiro se amaram com os olhos, depois com palavras tímidas, depois com gritos de desespero, depois com gestos.
não dormiam nas noites de lua cheia e subiam a uma ameia da torre, fingindo - ou treinando - um passo de amor mortal, quando ninguém os via. um dia, há hora em que o sol repousava equidistante de ambas as torres, decidiram saltar na tentativa de um abraço. não fosse assim, provavelmente morreriam ao longe, apesar de tão perto. foi assim e morreram juntos, apesar de o que sentiam do tamanho de uma vida inteira ter durado apenas alguns segundos.
diz a lenda que nenhum deles sangrou e que a única prova do que acontecera era a sombra do abraço; diz a lenda que tinham perdido todo o sangue nas feridas de estarem longe e a única coisa que lhes sobrava era a urgência de um amor a dois; dizia-me hoje um senhor que ainda se lembra de quando as sombras dos amantes se encontravam na mesma queda, em todos os aniversários daquele encontro; dia 26 de agosto.
escrito por by joão martinho Email post
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