apesar de ter apostado no mickey rourke para o óscar de melhor actor, acabou por vencer o meu actor preferido. mesmo sem ver o filme, sabia que atribuir o óscar ao sean penn era uma distinção justíssima. e agora, depois de ver o filme, tenho a certeza que o sean penn foi muito melhor que a concorrência; talvez até melhor demais.
milk é, quando me falta apenas ver o the reader, o melhor filme de entre os nomeados para o óscar de melhor filme. não é tão espectacular como o slumdog millionaire, mas fiquei com a impressão de que é bastante menos instantâneo, também.
só para dizer que o man on wire é o documentário mais bonito de sempre. eu, ainda à procura de palavras, vou ouvindo a única música que encontrei da banda sonora: erik satie - gymnopedie no. 1.
amor é o olhar total, que nunca pode ser cantado nos poemas ou na música, porque é tão-só próprio e bastante, em si mesmo absoluto táctil, que me cega, como a chuva cai na minha cara, de faces nuas, oferecidas sempre apenas à água.
esta música já foi música de fundo no vad durante vários meses, mas volta agora por ser escolha mais que óbvia para um friday night live. é jens lekman com friday night at the drive-in bingo. enjoy e boa sexta-feira de azar!
apaixonei-me pelos camara obscura com uma música homenagem ao enorme lloyd cole. tantas vezes ouvi o lloyd perguntar are you ready to be heartbroken e outras tantas vezes pensei "e de que é que isso adianta, afinal?". bem ao estilo do "ready or not, here i come", foi uma e outra vez.
tenho de reconhecer: antes da antipatia, havia a simpatia. quando li as primeiras palavras sobre o slumdog millionaire quis vê-lo imediatamente. era o realizador, a índia que ainda deslumbrava do darjeeling, o quem quer ser milionário; eu queria vê-lo e quase apostava que era um grande filme.
no entanto, depois de ler as críticas no público, começou a crescer em mim a antipatia; a antipatia que me fez recusar vê-lo e perder as apostas dos óscares para o meu irmão - que também ainda não tinha visto, mas apostou tudo nele. a verdade é que parecia estar escrito e, ao longo da noite, foi vê-lo recuperar o terreno perdido nas categorias técnicas e dar-me uma coça monumental.
hoje vi-o, finalmente, e ainda estou ligeiramente atordoado. o filme não é a melhor coisa do mundo - longe disso -, mas é muito provavelmente a maior coisa filmada no ano passado e, só por isso, já valia a pena ser visto.
depois de o ter visto à procura de razões para o detestar, fico com a impressão de que afinal era apenas birra. fiquei muito surpreendido com a prestação de todos os actores - até dos miúdos -, que ofereceram ao filme a melhor interpretação colectiva (ó eu a inventar) dos últimos tempos e com a efusiva, mas equilibrada, mistura de emoções. ainda assim, o que me deixou mesmo entusiasmado foram as cenas de fuga em corrida, que me deixaram a pensar "danny, perdoa-me, és o maior".
para uma semana que já sabe mesmo a primavera e a sol, música dos camera obscura. dias de sol, dias de sol, dias de sol, dias de sol, dias de sol, flores, dias de sol. dias de sol e eles todos encachecoladitos.
lembra-te que todos os momentos que nos coroaram todas as estradas radiosas que abrimos irão achando sem fim seu ansioso lugar seu botão de florir o horizonte e que dessa procura extenuante e precisa não teremos sinal senão o de saber que irá por onde fomos um para o outro vividos