antes de mais, e não desfazendo o que vem a seguir, corta-se a cebola às rodelas e espera-se que ela aloure. depois de devidamente alourada, podemos juntar dois dedos de um bom vinho adormecido nas teias de uma aranha que faleceu há muito e deixou de luto a anunciar dinheiro [são as aranhas pretas que anunciam dinheiro? ou será sorte? nunca percebi muito disso. se alguém souber, agradecia que me esclarecesse]. mas esse dinheiro não chega nunca. só muito de longe a longe, uma ou outra moedita de cem paus, o que não compensa, de todo, as duas ou três notas de mil que já perdemos desde que sentimos necessidade de comprarmos as nossas próprias gomas. é por isso que toda a gente devia ter direito a encontrar uma nota de vinte euros, pelo menos uma vez na vida. claro que tinha de gastá-lo em menos de nada, porque é feio guardar o dinheiro dos outros. aliás, isso é um eufemismo para o acto de roubar. e roubar é feio. é o que se aprende na catequese. e porque tem tudo a ver com a ascese ou com a falta dela, o senhor não deve levar a mal se desejarmos uma multiplicação dos bifes de vitela, já que alimentar tanta gente nos dias que correm, não é nada fácil. e a cebola daqui a pouco queima.
escrito por by joão martinho Email post
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