E começou a caminhar em círculo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Sempre que passava pelo velho, agitava o sino que trazia na mão direita: da primeira vez, uma vez; da segunda, duas; e por aí em diante: por cada vez, tocava mais uma vez. Ao som do sino, dois anjos corriam atrás dele a gritar "aleluia, aleluia!". E por causa das conversas sobre sexo, um era rapaz e outro rapariga; era uma anja, mas nunca lho disseram. Além disso, eram celibatários e tinham uma auréola, o bónus da promoção par do feira nova. Aos dez toques e dez passos, a anja parou. Tinha um encontro às dez e vinte e cinco e ainda queria tomar banho, calçar as all star e perfumar-se. O anjo sentiu ciúmes e escondeu-se atrás do ponteiro das horas. Depois, apanhou boleia do dos minutos e ficou a olhar para o lugar onde está o "um" e sentou-se em cima do "sete". Sempre que passava o ponteiro dos segundos, tinha de se deitar. Do outro lado, o casal saltava. Entretanto, o do sino, sentara-se e estendera uma toalha vermelha no "seis". Descontraído, fazia um piquenique ao som do tic-tac. Em quinze minutos comeu, e em quinze minutos voltou a passar pelo velho e tocou outra vez o sino; desta vez, só uma vez; como no início; mas sem "aleluia, aleluia!". O anjo chorava em silêncio e ouvia The Smiths; a anja ouvia baboseiras pré-fabricadas, ria muito e apaixonava-se.
escrito por by joão martinho Email post
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~Oo°~
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